Agricultores participam de intercambio sobre mandala
20 de setembro de 2016 - 09:00
Nos dias 05 e 06 de setembro de 2016, técnicas e agricultores dos municípios de Crateús e Nova Russas participaram de um intercâmbio sobre Projeto Mandalla que é um projeto de produção integrada, direcionado a agricultura familiar, com foco na permacultura, desenvolvendo práticas alternativas de convivência com cada realidade. Nesse processo de formação tiveram como orientador José Ximenes de Farias Júnior, supervisor do Núcleo de Apoio ao Desenvolvimento das Cadeias Produtivas (NUCAP).
O intercâmbio foi realizado no município Quiterianópolis, o qual tem experiências exitosas da semente Mandalla. Iniciaram os trabalhos no Assentamento Luar do Sertão, para conhecer o trabalho realizado pela família do Sr. Braguinha e Dona Eva. Em uma roda de conversa com a equipe, a família contou que foi selecionada pelo Projeto, fizeram a capacitação e a partir daí decidiram que iriam mudar sua forma de produção adotando as práticas do Mandalla.
O casal e os filhos passam a trabalhar juntos na pequena área que possuíam no quintal de casa, eles constroem o tanque, fazem os canteiros, instalam o sistema de irrigação e se dedicam diariamente as atividades na unidade, tendo inicialmente assessoria técnica para orientá-los na construção do sistema. Atualmente a própria família domina a técnica. E a renda familiar é obtida através da comercialização dos produtos oriundos da propriedade familiar.
Para que possam manter essa produção instável, sempre capaz de atender as demandas, é feito um escalonamento da produção, o que organiza a forma de produzir e de se planejar não só em relação à comercialização, mas também dos tratos culturais. Pois se faz necessária a produção do composto orgânico, para que possa ser usado na adubação dos canteiros mantendo assim a produção equilibrada, dentre outros tratos como produção de biofertilizante, poda, etc..
A comercialização é feita pela própria família, dando uma nova roupagem as formas convencionais de venda das famílias rurais, que são muito prejudicadas pelos atravessadores. Além de estarem contribuindo para que as famílias tenham uma alimentação saudável ao ingerir alimentos oriundos de uma agricultura limpa.
O que não passou despercebido foi à interação da família no desenvolver das atividades, o próprio pai gerando emprego, renda e qualidade de vida para os filhos jovens, mostrando que é possível a permanência no campo e produzir de uma forma que seja ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável, em uma área tão desafiante quanto às unidades rurais das comunidades dos sertões de Cratéus.
A outra experiência visitada foi na comunidade Monteiro junto a família de Verônica e Jackson, a Mandalla da família já ultrapassou as cercas do quintal, chegando a ocupar uma área de três hectares, onde eles produzem hortaliças que são comercializadas em toda a região. Os mesmos atualmente possuem uma renda fixa todo mês, inclusive fizeram contratos com empresas para fornecerem seus produtos, também oriundos de uma agricultura limpa.
Para as técnicas Iasnaya, Maria Tereza, Soraya Cindcy e o assessor regional Edilson Freitas foi uma troca de experiências fantástica e diferente, quebrando os tabus que a muito cercou a imagem do agricultor familiar, pois foram momentos que os próprios mandaleiros orientaram os técnicos mostrando que os detentores do saber são aqueles que realmente praticam e vivem.
Para os agricultores e futuros mandalleiros Antonio Martins e Ivanilde Godinho, foi uma experiência fantástica e motivadora para que os mesmos juntos a sua família e comunidade possam desenvolver e também disseminar essa pratica que venha fortalecer a permanência das mesmas em suas localidades diminuindo o êxodo rural e ampliando os meios de produção.
O coordenador do Projeto Mandalla, Dr. Ximenes chamou ainda a atenção para a assistência técnica prestada pelos colegas, lembrando que é importante a interação também com as famílias e a determinação de fornecer respostas práticas para atender as necessidades familiares. Durante os diálogos Ximenes explicou sobre formas de produção de algumas culturas e os tratos culturais a serem realizados para que as mesmas venham a chegar a uma produção satisfatória.
Ao concluir o intercâmbio a equipe saboreou os frutos da Mandalla juntos a família, em uma partilha de alimentos e saberes, concretizando assim o pensamento do grande e transformador educador Paulo Freire quando falava: “Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes.”
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Agrário
Bruno Andrade – bruno.martins@sda.ce.gov.br
Marina Filgueiras – marina.filgueiras@sda.ce.gov.br