Seminário da Agricultura de Morada Nova aponta caminhos
23 de maio de 2017 - 18:45
No município localizado a 168 km da capital Fortaleza, a escassez de chuvas preocupa agricultores e gestores públicos com o fim da quadra invernosa. Os técnicos da SDA foram até o município e apresentaram saídas para situação hídrica e para a pecuária
“Se rezar desse jeito, chovia todo santo dia”. Com o disparate, Pedro Gomes, de 61 anos, reverbera com a voz grave e embolada as angústias e sofrimentos dos homens e mulheres assentamento Barra das Flores. Os 40kg de semente de milho não vingaram, “os cachos do sorgo não dá nem pra tirar as semente” e a mandioca murchou até ficar preta debaixo da terra escaldante. Só mesmo o feijão segurou. Se não fosse ele, o ano já era findo. É o sexto ano de uma seca interminável no Vale do Jaguaribe.
Aposentado Pedro divide o ordenado com a esposa, Maria Lourdes, e dois filhos que mesmo grandes permanecem próximos e dividem o ofício que é o único bem no testamento do sertanejo de Morada Nova: a agricultura familiar. A preocupação é sempre a água. “Sim, tem a cisterna, mas cada carradinha são 140 (reais) de oito em oito dias” para tomar de conta da criação. De sede a família não morre, em compensação fica à margem vendo tudo crescer, enquanto os bichos correm o risco.
“Eu sei que tem toda preocupação com a saúde, com a educação, a cidade é grande, tem muita estrada vicinal, mas o desenvolvimento rural gera renda e oportunidade”, contextualiza o discurso o secretário do Desenvolvimento Agrário Dedé Teixeira na abertura do Seminário da Agricultura Familiar em Morada Nova. Na terra do vaqueiro não há de ser diferente. Embora que com uma chuva irregular de 500 mm nos primeiros cinco meses do ano, enquanto somente a cidade de Graça, no norte cearense, teve 1.700 mm no mesmo período, a plantação resiste a frutificar.
Traçando Caminhos
A solução é uma “reengenharia”, aponta o secretário. “Não se fala em desenvolvimento agrário sem colocar a capacidade hídrica e todas as tecnologias sociais em foco. É preciso que a Prefeitura de Morada Nova mapeie todo o aporte hídrico, com o Canal da Integração, microbacias e o período irrigado, para construirmos uma grande saída que beneficie o maior número de famílias”, cobra Dedé Teixeira para uma platéia de agricultores, técnicos e servidores públicos. Outras saídas emergenciais são apostar na silagem como reserva alimentar pro gado se manter em pé e estudar uma migração da pecuária bovina para a caprina, mais resistente ao seminário. Quando a colheita registra perda de mais de 50%, o agricultor pode requerer o Garantia Safra, programa do governo federal em parceria com o Governo do Estado do Ceará e com as prefeituras municipais.

É um alento para manter o homem e a mulher no campo a parcela de 850 reais pagos em cinco prestações consecutivas, embora que com o cadastramento para receber sementes pelo programa Hora de Plantar, do Governo do Ceará, já se dá para pensar no próximo ano sem colocar na soma os prejuízos do ano anterior. Além disso, as ações desenvolvidas pelo Governo do Estado do Ceará através do Comitê de Combate à Estiagem, que neste ano passou a ter edições intinerantes todo o mês. “(A gente sobrevive) do jeito que Deus quiser porque a gente veve como Deus quer”, conclui o assentado da Barra das Flores já esboçando alguma esperança no final da conversa.
Assessoria de Comunicação da SDA
André Gurjão – andre.gurjao@sda.ce.gov.br
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