Festival das Juventudes do Semiárido leva o debate sobre Agroecologia para Sobral

1 de dezembro de 2018 - 18:40 # # # # #

Ascom | André Gurjão - andre.gurjao@sda.ce.gov.br

Mais de 210 jovens se inscreveram até a noite da última sexta-feira (30/12) no Festival das Juventudes do Semiárido – Sobral I. O evento, que segue até a próxima segunda-feira (3/12), reúne jovens agricultores dos municípios de Coreaú, Frecheirinha, Graça, Massapê, Moraújo, Mucambo, Pacujá e área rural de Sobral no centro de Treinamento de Sobral (Cetreso) abordando o tema “Agroecologia e Democracia”. O festival visa promover o intercâmbio de experiências entre jovens agricultores, com idade entre 15 e 29 anos, e estimular a liderança e o protagonismo juvenil de um dos públicos-chave do Projeto Paulo Freire (PPF).

O Festival das Juventudes do Semiárido é promovido pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), através do PPF, e está sendo realizado com o apoio do Instituto Agropolos do Ceará (IACe) e em parceria com o Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria do Trabalhador (Cetra). O projeto é financiado por meio de um acordo de empréstimo envolvendo o Governo do Ceará e o Fundo Internacional de Desenvolvimento da Agricultura (FIDA), e traz como objetivo o fim da extrema pobreza rural para 600 comunidades rurais localizadas em 31 municípios cearenses nos territórios dos Sertões de Crateús, Inhamuns, Sobral, Litoral Oeste/ Vale do Curu e Aracatiaçu, Cariri e Serra da Ibiapaba.

Logo na mística de abertura, os jovens organizadores e beneficiários do Paulo Freire repetiram o gesto realizado por centenas de milhares de jovens em 2013 em todo Brasil e levantaram cartazes pedindo o fim da violência contra o público jovem, o fim da concentração de terra, mais emprego e oportunidades para juventude do campo e também se posicionaram contra a LGBTT+ fobia e o racismo. “Sonhar só é somente sonho, mas sonhar juntos é realidade”, parafraseou o cantor Raul Seixas o secretário De Assis Diniz.

“Foi a partir da utopia que construímos um mundo diferente daquele dos nossos pais. Esta geração não conheceu o que é passar fome, o que é sentir a sede e o que é ser reconhecido como cassaco, porque já nasceu recebendo muitas das políticas públicas que por 12 anos construímos coletivamente. Mas, agora, cabe a vocês a construírem com coragem, resistência e a resiliência necessária para que não ocorram retrocessos nas mesmas políticas públicas que garantiram mais dignidade e cidadania ao homem e a mulher do campo”, argumentou para ecoar o lema popular “ninguém solta a mão de ninguém”, entre o público presente.

Programação

Em seu discurso, a coordenadora do Cetra, Cristina Nascimento, saudou os jovens pelo sacrifício que fazem ao sair das comunidades rurais onde vivem, “muitas vezes deixando de lado os estudos e as atividades diárias que você tem”, para participarem da construção coletiva do Festival das Juventudes do Semiárido. “Esse festival é para fortalecer essa nossa identidade e criar uma imunidade a tudo que deve vir pela frente. Mesmo que a gente ainda não tenha certeza de tudo o que nos espera nos próximos quatro anos”, afirmou.

Segundo ela, a grande novidade da segunda edição do evento, que acontece após o Festival de Ipueiras, entre 15 e 17 de novembro, no município de Ipueiras, está na realização dos intercâmbios e no compartilhamento de conhecimentos e de experiências exitosas que os jovens vêm experimentando no campo. “Como também haverá momentos em que a cidade de Sobral e vocês vão interagir, porque não dá para vocês se deslocarem até aqui sem conhecer a cultura que pulsa nessa cidade”, citou a programação do festival.

“Mas é preciso dizer que esse tema ´Agroecologia e Democracia´ é o grande assunto que vai nortear o nosso debate. Nós vamos nos reconhecer nessa construção da agroecologia e nessa defesa da agricultura familiar que realizamos no nosso dia a dia”, concluiu.

(Imagens Marcos Vieira)