Comitiva africana visita experiência de reúso de água do Projeto São José

13 de dezembro de 2018 - 18:34

Ascom | Erivelton Celedônio - erivelton.celedonio@sda.ce.gov.br

No Ceará desde a última segunda-feira (10) para conhecer estratégias de convivência com o semiárido, entre elas a de reúso da água cinza, o grupo de representantes de governos e da sociedade civil de Senegal, Níger, Chade e Burkina Faso visitou nesta quinta-feira (13) a propriedade da família do senhor Bento Pereira e da dona Socorro Vieira, em Ocara, a 93km de Fortaleza.

Com o apoio do Governo do Ceará, através da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), ela, o marido e a filha dispõem, há quase três anos, do sistema de reúso de água, no distrito de Cristais. “Depois da chegada do sistema de reúso pelo Projeto São José demos uma subida grande na vida. Temos uma plantação completa em qualidade e quantidade”, conta a filha do casal aposentado, Niedia Barbosa.

Sorridente com a tecnologia de aproveitamento da água, Niedia apresentou aos africanos a plantação da família de cebolinha, hortelã, tomate, babosa, coentro, cebola, milho, tomate cereja, pimenta dentre outros produtos.

O reuso das águas de cinzas domiciliares é uma tecnologia social que aproveita o descarte d´água de pias e banheiros destinando a água para irrigação de canteiros no quintal de casa (hortigranjeiros). A partir da tubulação saindo da residência, e aproveitando a inclinação do terreno, o descarte d´água passa primeiramente por uma caixa de gordura, capaz de reter óleos e resíduos domiciliares de grande tamanho.

O material restante da primeira filtragem cai por gotejamento no minhocário, responsável pela primeira filtragem biológica e pela segunda filtragem física. Após atravessar camadas de húmus e minhoca, seixo, brita, areia lavada e serragem, numa profundidade total de 2,5 metros, o líquido restante desliza por mais um encanamento até ser despejado numa caixa d´água.

Novas experiências

Único agricultor do grupo, Soamaine Albachar, diz estar impressionado com a visita. No Chade, classificado por ele como de “pobreza absoluta”, uma parte da região sofre com problemas de acesso à água. “Porém, agora, vamos tentar fazer com que o sofrimento das pessoas do meu país diminua com esta tecnologia”, comenta.

Soamaine reconhece existirem diferenças para transferir toda a tecnologia a seus pares, porém vai propor ao Conselho Nacional de Concertação dos Agricultores de Chade – do qual é membro – para aplicar uma adaptação do que conheceu em sua passagem pelo Brasil. “Aqui descobri muita coisa e quero aproveitar esta experiência”.

O intercâmbio ao estado é fruto da parceria entre a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).