Festival das Juventudes do Cariri proporciona lições de agroecologia e cultura

11 de fevereiro de 2019 - 12:43 # # #

ASCOM André Gurjão andre.gurjao@sda.ce.gov.br

Encerrou na de domingo (10) a última etapa territorial do Festival das Juventudes do Semiárido. O evento, realizado no município de Campos Sales, território dos Sertões do Cariri, reuniu cerca de 200 jovens beneficiários do Projeto Paulo Freire na Escola de Ensino Profissionalizante Presidente Médici. Nos últimos três dias, os jovens entre 15 e 29 anos protagonizaram debates, oficinas, intercâmbios e apresentações culturais voltadas ao tema “Agroecologia e Democracia”.

O evento é uma realização da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) e resultado de diversos encontros de jovens realizados dentro das próprias comunidades rurais atendidas pelo Paulo Freire. O objetivo do evento é fortalecer a organização e o protagonismo juvenil, gerando oportunidades e renda para o público que vive em áreas rurais com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

“O Festival das Juventudes é um momento de aprendizado para todos os envolvidos e fortalece o pensamento do nosso grande mestre Paulo Freire. (Para o autor de ´Pedagogia da Autonomia´) Ninguém sabe mais do que o outro, os saberes existem para se complementarem e é, por isso, que esse projeto é tão desafiador”, destacou a coordenadora do Projeto Paulo Freire, Íris Tavares.

O primeiro resultado do encontro foi a escolha dos mobilizadores sociais que passarão a ter um papel de destaque em cada um dos 10 municípios do Cariri atendidos pelo projeto. A partir da escolha, os representantes da juventude nos municípios passam a ser responsáveis pela mobilização e pela realização de atividades que permitam a continuidade do debate promovido durante festival. As trocas de conhecimentos e experiências devem servir como base do debate a ser realizado na etapa estadual do Festival, a ser realizada ainda neste ano.

Atividades

Durante os três dias do Festival das Juventudes do Cariri, os jovens participaram, além de painéis e debates, de oficinas e intercâmbios. A partir das atividades desenvolvidas nas oficinas, o público é estimulado a desenvolver atividades que envolvam arte e comunicação no local onde vivem com as suas famílias e também aproveitem a experiência para promoverem o debate sobre temas como violência contra a mulher, raça e etnia, diversidade sexual, sucessão rural, agroecologia e convivência com o semiárido e economia solidária.

Em seguida, pelos intercâmbios, o público conhece in loco experiências que são destaque para todo o Estado do Ceará e para o semiárido brasileiro. Nesta edição do festival, os cerca de 200 participantes conheceram experiências conduzidas nas áreas de agrofloresta, trilha ecológica, comunicação popular, acesso à terra, cultura, crédito fundiário, reuso d’água de cinzas e reisado.

“Nunca tinha tido oportunidade de participar de um encontro como esse, porque estudava manhã e tarde na escola profissionalizante”, relata Amanda Simão, de 17 anos, moradora da comunidade Baixa Grande, em Santana do Cariri. Foram os pais dela que estimularam a participação dela no Festival e a expectativa é que ela converse sobre tudo o que aprendeu, na oficina de “Identidade Étnico-racial e Turbantes” e no intercâmbio de “Cultura Popular e Reisado”, com eles e com outros jovens.

“Ser jovem não é nem uma questão de idade. É uma questão de saber aproveitar, principalmente, as oportunidades da vida e enfrentar cada problema”, testemunha. “Na minha opinião, antes, os jovens eram muito presos e não tinham a mente aberta que nós temos, principalmente em relação ao conhecimento”.

Mais enxada, menos caneta

Na avaliação de Wesley Torres, de 19 anos, o ponto alto do Festival das Juventudes do Semiárido do Cariri foram as vivências e trocas culturais. “(A Cultura) É algo que está presente em nossa região e ninguém valoriza muito. Embora esteja no nosso sangue e faça parte da nossa própria história todos os dias”, avalia o jovem que participou do intercâmbio de turismo comunitário na Fundação Casa Grande.

“Hoje, o jovem quer saber mais da caneta e menos da enxada. E o que posso fazer é levar o que aprendi nesses três dias e buscar conscientizar as pessoas: mostrando que a gente pode ser feliz no local onde a gente vive. Não precisa sair para outros estados, e até outros países, para conquistar o nosso espaço e crescer na vida”, frisa o representante da juventude do município de Assaré.