Dia Internacional da Mulher: “Queremos viver nossos sonhos”

8 de março de 2019 - 13:26 # #

Ascom | Texto Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br

Na manhã desta sexta-feira (8), no município de Paraipaba, a 95 km de Fortaleza, mulheres da Associação das Mulheres Agricultoras Familiares de Paraipaba reuniram-se com representante do Banco do Nordeste para a viabilização de linha de crédito para produtoras rurais. O objetivo, o de incrementar a produção da agricultura familiar de 32 associadas que lideram, trabalham e querem viver seus sonhos de uma vida melhor para a comunidade e suas famílias

Quando as pessoas passam no corredor turístico da Paraipaba rumo às praias do Litoral Oeste como Jericoacoara e Paracuru, não imaginam a história de vida e de luta que compõe a vida de mulheres que vivem nas comunidades do município. A produtora Fabiana Alves da Silva, 41 anos, filha de agricultor, é um dos exemplos da trajetória de emancipação feminina no campo e reflete as dificuldades inerentes a essa emancipação. “Comprei alguns porcos por conta de um financiamento junto ao BNDES, mas não fazia ideia de que seria vendendo bolo que a minha vida ia mudar”, conta Fabiana.

Ela só veio perceber a demanda no mercado observando o dia a dia na comunidade e no mercado local, quando identificou que o fornecedor de pão vendia o produto apenas de segunda a sábado. “Aí pensei que no domingo podia vender meu bolo. E assim aconteceu. Com o dinheiro do bolo, paguei ao banco o empréstimo da compra dos porcos, no valor de R$600,00. O bolo teve uma aceitação boa, comprei um terreno e hoje tenho uma loja no corredor turístico onde comercializo rapadura, doces, taipoca, o bolo e outros produtos”, explica Fabiana, que com o dinheiro da venda dos porcos, ainda comprou uma nova batedeira e um fogão de seis bocas.

Segundo Fabiana, a agricultura familiar foi a grande descoberta para continuar vivendo seus sonhos. Com o curso de criação de aves oferecido pela Ematerce em fevereiro, a tendência é o crescimento vir mais rápido e os sonhos virarem realidade. O encerramento do curso, coordenado pelo gerente regional da Ematerce Meio Norte Zilval Fonteles, mobilizou o diretor técnico da entidade Itamar Lemos, representante do BNB, da Cooperativa de Agricultores Familiares do Vale do Curu/Aracatiaçu (Coaf) e do Sebrae.

Empreendedorismo rural

Na ocasião, foi definida a doação de 200 pintos para o gerenciamento da associação de mulheres. Também foi celebrado o convênio Mais Ater firmando entre a Ematerce (escritório local de Itapipoca) e a Cooperativa de Agricultores Familiares do Vale do Curu.

O convênio prevê a prestação de assessoria técnica pela Ematerce para a cooperativa nos aspectos técnico e organizacionais e aquisição de abatedouro de aves caipira, sendo que os recursos disponibilizados através do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) enquanto o Projeto São José IV viabilizará a adesão da Associação das Mulheres Agricultoras Familiares de Paraipaba para incremento da comercialização dos animais pela cooperativa.

Liderança

Ela começou sua fala um pouco tímida, mas logo vai desenvolvendo um raciocínio alegre e engajado, explicando a história da criação da associação das mulheres na Paraipaba. Silvanira Lourenço de Albuquerque Mendes (Nira), fundadora e ex-presidente da associação, conta o começo de tudo, quando a entidade foi criada em 2011.

“Trabalho acompanhando meu avô na agricultura desde pequena na associação dos irrigantes, quando veio o Programa para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar e todos se animaram e começamos a vender para a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Só que a gente não via o dinheiro; quem pegava eram sempre os maridos. Foi quando me reuni com mais duas mulheres, criamos a associação e conseguimos iniciar a venda para o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escola) e tomar à frente de tudo e hoje os maridos ajudam a gente”, conta Nira sorridente e com uma boa gargalhada.

Depois da Conab e já pela associação, algumas mulheres conseguiram o crédito de R$ 5mil pelo BNB para aquisição de fornos e compra de veículo. “Queremos desenvolver ainda mais as vendas, abrir mais o comércio, termos a própria a nossa própria sede e não dependermos apenas dos programas do governo para comercializar nossos produtos”, diz Nira.

Tomar a frente de suas decisões e ser autônoma da sua vida. Essa é a grande mudança que vem sendo desenvolvida pelas mulheres no campo e em todos os setores da sociedade. Ter o direito de vivenciar a própria experiência de trabalho, de desafios, de conhecimento, de destinos. A associação das mulheres já teve várias presidentes, mas Nira, Fabiana, dona Irismar são os exemplos de empreendedorismo rural feminino que dignificam ainda mais as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher neste 08 de março de 2019.