Mulheres do Semiárido: Agricultora familiar adere à agroecologia e amplia renda familiar

13 de março de 2019 - 16:49

Ascom | Texto: André Gurjão - andre.gurjao@sda.ce.gov.br | Amanda Sampaio - amanda@cetra.org.br | Miguel Cela - miguel@cetra.org.br
Colaboradores | Bernardo Lucas - bernardo.filho@sda.cegov.br | Rones Maciel - rones.maciel@sda.ce.gov.br

Com um sorriso no rosto, a agricultora Aristídia Nascimento, de 36 anos, é puro orgulho ao apresentar o próprio quintal produtivo. A beneficiária do Projeto Paulo Freire (PPF) vive na comunidade Riacho do Gabriel, distrito de Sobral, e está realizando a transição agroecológica dentro da própria propriedade. “Antes, a gente tomava suco daqueles de saquinho, hoje não tomamos mais. Suco, só ser for da fruta”, comenta sobre a mudança dos hábitos da família que inclui ainda três filhos e o marido.

No quintal, a família cultiva variedades de hortaliças e frutas, como: tomate, pimenta, pimentão, coentro, cebolinha, mamão, caju, ata, goiaba e cajarana. Além de cultivar plantas medicinais, como malva, anador, açafrão e boldo, a família atendida pelo projeto de combate à extrema pobreza rural comercializa na Feira Agroecológica e Solidária de Aracatiaçu produtos como ovo de galinha caipira, queijo, nata e doces feitos a partir da polpa das frutas.

“Eles (Tídia e o esposo) começaram com um pouquinho de nada. Receberam um pedaço de terra para construir um quarto e uma cozinha e, com o tempo – e os filhos chegando – foram ampliando a propriedade”, comenta a coordenadora de área do Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra), Dalvanir Duarte. “Com a chegada do Paulo Freire, o casal foi ampliando ainda mais a área de cultivo e diversificando a produção, incluindo aí o uso da compostagem”.

Novos horizontes

Ainda segundo a responsável pelo acompanhamento de 73 comunidades rurais, localizadas em nove municípios do território de Sobral III, outra mudança ocorreu no próprio comportamento da agricultora familiar. “A Tídia era muito tímida. Depois do intercâmbio que participou em Itapipoca, ela mesma nos disse: ´eu não sabia que era tão bom conversar com outros agricultores. Daqui para frente não perco um´. E assim tem sido”, comenta a mudança.

Além do intercâmbio abordando armazenamento de ovos caipiras, a agricultora também participou de capacitações que trataram de temas como compostagem e manejo sustentável da caatinga. “A renda que eles têm conseguindo a partir dos quintais produtivos, pelo Projeto Paulo Freire, tem ajudado bastante e contribuiu para desenvolver ainda mais outras culturas. Eles não usam mais o fogo (coivara), preservam o meio ambiente e tem sido muito gratificante para toda família”, finaliza o técnico em Agropecuária do Cetra, Vicente Filho.

Mulheres do semiárido

Durante todo o mês de março, a SDA divulga matérias tratando das condições de vida das mulheres do campo e da melhoria de vida proporcionada pelo Projeto Paulo Freire. Toda semana, sempre às quartas e sextas-feiras, o órgão, em parceria com as entidades prestadoras de Assistência Técnica Contínua (ATCs), promovem a campanha “Mulheres do Semiárido: Semeando Direitos em Primeiro Lugar”.

As reportagens especiais dão continuidade à exposição fotográfica, realizada no mesmo período do ano passado. O objetivo é traçar uma linha cronológica entre o período anterior ao projeto e os sonhos de dezenas de milhares de mulheres do semiárido cearense. Para além do Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador (Cetra), as ATCs que também colaboram com campanha são: Cáritas Diocesana de Cratéus, Centro de Estudos e Assistência às Lutas do Trabalhador Rural (Cealtru), Centro de Pesquisa e Assessoria Esplar, Instituto Antônio Conselheiro (IAC), Instituto Flor do Piqui e ONG Cactus.