Expectativa é de crescimento da safra de grãos em 7,55% e produção deve chegar a 693.116 toneladas

5 de junho de 2019 - 10:50

Ascom | Texto: André Gurjão - andre.gurjao@sda.ce.gov.br | Erivelton Celedônio - erivelton.celedonio@sda.ce.gov.br

A produção agrícola cearense deve registrar um acréscimo de 7,55% em 2019, com relação à safra obtida no ano passado. Os dados são do último relatório da “Situação da Produção Agrícola de Grãos em Sequeiro e Situação da Quadra Chuvosa“, estudo elaborado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Ceará (Ematerce). O órgão vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) revela ainda uma participação significativa do milho na produção atual de grãos do Estado, com 77,34% de participação; tendo em seguida o feijão, 21,44%; e demais culturas (arroz, algodão, amendoim, fava e mamona), 1,22%.

Em relação a área colhida ou a colher de grãos em sequeiro em 2019, houve uma pequena diferença em relação a 2018: de -4,81%. As maiores diferenças ficam por conta da mamona (-55,60%), arroz (-24,60%), feijão (-6,17%), milho (-4,18%) e algodão herbáceo (-2,18%). O produto amendoim foi o único a registrar acréscimo, de 2,93%. “Se não fossem alguns veranicos, especialmente aqueles registrados no mês de março, e a má distribuição de chuvas diríamos que teríamos a maior safra da História do Ceará. Ainda assim, tivemos um bom aporte para agricultura de sequeiro e isso dará uma condição bem mais favorável em relação ao ano passado: não só de grãos, mas também de suporte forrageiro”, comentou o secretário De Assis Diniz.

Quanto a produção de grãos, o acréscimo de 7,55% deve-se a cultura do milho, que teve um acréscimo de 10,45%, comparado a 2018. Todas as demais culturas apresentam diminuição na comparação com o ano anterior e com relação a expectativa de safra no início do ano, de 25,84%. Isso se deve a irregularidade espacial da ocorrência das chuvas que foram mais intensas na parte mais ao norte do Estado, confirmando as previsões da Funceme. Este ano as perdas nos rendimentos das culturas foram causadas por excesso de chuvas em algumas regiões e também por ocorrência de veranicos prolongados em outras.

De acordo com dados parciais de chuvas ocorridas até 30 de maio, coletados no site da Funceme, as chuvas estiveram acima da normal (média histórica) em nove das 18 regiões pesquisadas e todas ficaram abaixo da normal. O Baixo Acaraú registrou chuvas mais de 50% acima da normal, seguido pela região Extremo Norte e Metropolitana com desvios acima de 36% e 24%, respectivamente. Já as regiões Cariri, Centro Sul e Inhamuns registraram desvios para baixo, de mais de 20%.

Comparativo

O quinto Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) confirma algumas projeções da Ematerce. O estudo do IBGE levanta contribuições da Funceme e da Cogerh e aponta que três produtos apresentaram variação positiva em relação ao estudo anterior: o arroz de sequeiro (2,89%), feijão-de-corda 2ª safra (0,09%), e mamona (60%). A redução ocorreu em relação ao arroz irrigado, feijão de corda de 1ª safra, feijão-de-arranca 1ª safra (-2,69%), milho de sequeiro (-1,57%), fava (-5,74%), algodão herbáceo de sequeiro (-26,64%)e amendoim (-,3,22%).

“Sobre o feijão-de-corda de 2ª safra (vigna), a expetativa de produção foi elevada, pois em Paraipaba, devido aos incentivos do Projeto São José, obteve-se maquinário para aração do solo, sendo possível preparar uma área maior para o cultivo do produto”, reconheceu. “Já em Novo Oriente, Cariús, Aurora, Brejo Santo, Caririaçu, Jardim, Juazeiro do Norte, Porteiras, Aiuaba, Altaneira, Araripe, Campos Sales, Farias Brito, Potengi, Salitre, Santana do Cariri e Tarrafas houve redução de área em virtude dos veranicos, desestimulando produtores a cultivarem áreas maiores”.

“Em Apuiarés, os agricultores reduziram as suas áreas, pois ficaram temerosos de que o feijão viesse apodrecer devido ao excesso de chuvas. Já em São Luís do Curu, o excesso de água no solo fez com que os agricultores tivessem que realizar o plantio mais tardiamente e muitos optaram por plantar uma área menor, pois muitas áreas ainda estavam alagadas”, relata.

“Como resultado, a produção esperada é 693.116 toneladas, decrescendo 1,08% em relação à estimativa do mês anterior (700.704 toneladas). Isto significa um crescimento de 8,886% em relação à safra de grãos efetivamente obtida em 2018 (636.700 t) e de 43,90%, em relação ao primeiro prognóstico efetuado em janeiro/2019 (481.662 t)”, conclui o estudo do IBGE.

Frutas frescas e com rendimento em mil frutos

Ainda em relação ao LSPA, o levantamento demonstrou um aumento na expectativa de produção de 10 frutas frescas e uma redução em outras seis. Apresentaram elevação na expectativa de produção: abacate (+0,31%), acerola (+11,46%), goiaba irrigada (0,09%), goiaba de sequeiro (3%), graviola (0,78%), laranja (0,05%), limão (0,07%), mamão (0,16%), maracujá (0,07%) e melancia irrigada (+0,88%).

A redução ocorreu em relação ata de sequeiro (-23,53%), ata irrigada (-22,22%), banana irrigada (-0,05%), banana de sequeiro (-0,37%), manga de sequeiro (-0,03%) e melancia de sequeiro (-13,13%). “Com isso, a produção esperada é de 838.909 toneladas de frutas frescas, representando crescimento de 0,08% em relação à estimativa do mês anterio (838.229 t) e de 100% em relação ao prognóstico efetuado em janeiro de 2019 (830.609 t). Porém, ainda está menor 5,49%, em relação á safra efetivamente obtida em 2018 (887.673 t)”.

O abacaxi de sequeiro apresentou aumento na expectativa de produção em Potengi, onde o produto foi incluído, enquanto o côco-da-baía apresentou redução na expectativa de produção em Camocim e Granja, que tinham rendimentos superestimados. Em consequência, a produção esperada de abacaxi de sequeiro cresceu 14,22% em relação ao mês anterior, passando para 106.647 mil frutos; já o côco-da-baía sofreu redução de -2,12% e a produção esperada é de 150.627 mil frutos.

Castanha de caju

“A castanha-de-caju (anão) apresentou aumento da estimativa de produção em São Luís do Curu, pois os técnicos da Ematerce realizaram verificações na área deste produto, constatando-se que ela cresceu”, difunde o instituto. Como resultado, a produção estimada é de 31.983 toneladas, o que representa um crescimento de 0,4% em comparação ao mês anterior (31.970 t) e de 3,87% em relação à primeira estimativa de 2019 (30.791 t). Em relação à safra obtida no ano passado, a redução é de 19,19%.

O IBGE relata ainda a expectativa de safra normal das safras de castanha-de-caju anão e comum em Martinópole. Ainda assim, a tendência é de alta. Em relação à safra da castanha-de-caju comum, a produção esperada é de 33.189 toneladas: +1,10% em relação ao período anterior e +12,91% em comparação ao primeiro levantamento de 2018.

“Por fim, os resultados demonstram uma estimativa total para a castanha-de-caju de 65.172 toneladas, representando um crescimento de 0,58% em relação á estimativa anterior (64.799 t) e de 8,28% em relação à primeira estimativa de 2019 (60.186 t). Ainda assim, em relação à safra obtida no ano passado, de 80.033 toneladas, há uma redução de 21,51%”, conclui.