Investimento de R$ 19,2 milhões gera trabalho e eleva cadeia produtiva a um novo patamar

13 de fevereiro de 2020 - 11:30

Texto: André Gurjão | Imagens: André Gurjão e Erivelton Celedônio

A encomenda que parte de Pacajus em direção a sede do Grupo Big, antigo Walmart, em São Paulo, está quase pronta para subir no caminhão daí há alguns dias. Enquanto microfones ensaiam graves e agudos, na noite da última quarta-feira (12), para o início da solenidade de entrega de um investimento do Governo do Ceará de R$ 19,2 milhões nos municípios de Beberibe, Chorozinho, Ocara e Pacajus, a fábrica da Cooperativa Agroindústria de Caju (Copacaju) só esteve vazia porque viveu mais um dia intenso torrando, caramelizando e embalando amêndoas de castanha de caju.

Esta é uma história sobre a confiança que o Governo do Ceará guarda nos trabalhadores, filhos e netos de trabalhadores rurais, como também é para falar que, quando o produtor se une o trabalho é mais digno, o produto se traduz num alto alto valor agregado e os frutos são melhor divididos. “Uma das coisas que mais gosto de trabalhar na Copacaju é a maneira como somos tratados. Aqui somos todos iguais”, testemunha Rita de Cássia, de 32 anos, que há seis anos trabalha embalando castanhas na fábrica localizada na Região Metropolitana de Fortaleza.

“Com este arranjo, o Governo do Ceará materializa a inovação e a ciência na geração de produtos de qualidade comercializados em diversas capitais brasileiras, como também para fora do País”, enaltece o secretário de Desenvolvimento Agrário, De Assis Diniz. No total, 22 unidades de beneficiamento da castanha, polpa de fruta e cajuína receberam obras de reforma e modernização das instalações e compra de equipamentos. Outra aquisição importante foram as placas de energia solar, “com a capacidade de gerar renda extra e baratear o custo da produção”.

Somente no ano passado, a Copacaju comercializou 45 toneladas de amêndoa de caju com o grupo de Walmart e outras 15 toneladas através do Mercado Justo Europeu. O resultado do investimento do Projeto São José é que o faturamento da Copacaju duplicou no ano passado e a promessa é chegar a R$ 6 milhões em 2020. “(O Projeto São José) Foi fundamental porque trouxe a perspectiva do trabalhador permancer no campo. Se não fosse ele, boa parte das nossas fábricas estava parada”, abona o presidente da Copacaju, Raimundo Pereira da Silva.

Excelência e determinação

A amêndoa da Copacaju segue um rigoroso controle de qualidade. Além do plantio não usar agrotóxico, o produto passa por pelo menos 20 etapas diferentes de classificação, desidratação, descanso, umidicação e um corte suave para que a amêndoa não seja danificada. Todo o esforço gera mais de 900 postos de trabalho distribuídos em 22 associações, cooperativas e institutos, sendo que em todas elas houve investimento do Projeto São José: seja na aquisição de equipamentos, na aquisição de placas solares ou na reforma e modernização das instalações.

Além disso, cada um dos colaboradores recebe pelo menos um salário mínimo ao final de mês. A determinação é uma exigência do Mercado Justo Europeu e uma realidade bem diferente de outras agroindústrias de beneficiamento da castanha, cajuína e polpa de fruta pelo Estado. “Você (também) não pode ter trabalho escravo ou infantil e nem realizar queimada”, lista Airton da Silva, que trabalha na área administrativa-financeira da Copacaju.

O resultado do esforço diário de tantos homens e mulheres é a comercialização do quilo de castanha vendido a R$ 63 para o Mercado Justo e R$ 55 para o Grupo Big. A maior esperança fica por conta do grupo ter passado a anunciar a amêndoa no portal AliBaba.com e, a partir de lá, poderá chegar a 200 países em todos continentes. “A castanha daqui é diferente. Gosto principalmente da salgadinha, que é a que eu mesma uso nos molhos que faço lá em casa”, garante a colaboradora Rita de Cássia.