Projeto São José IV mira combate às desigualdades e grupos vulneráveis

27 de agosto de 2020 - 06:18

Texto e Imagens: André Gurjão

Mais conhecido pela entrega de sistemas de abastecimento d´água, o Projeto São José agora quer também ser lembrado pela inclusão produtiva e pelo combate às desigualdades de gênero, raça e etnia. Enquanto ainda não há uma previsão para o o início da quarta etapa da iniciativa da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, as equipes do projeto, das coordenadorias da SDA e de instituições parceiras seguem em home office se preparam para oferecer o melhor para população cearense.

“O Projeto São José IV trará em seu escopo o trabalho com grupos vulneráveis, públicos que não tiveram historicamente a oportunidade de sua inclusão social, econômica e produtiva. São indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, mulheres e juventudes que compõem o universo rural do Estado”, revela o Lafaete Almeida. Segundo o coordenador do PSJ, o objetivo é garantir conhecimento e sensibilidade na formulação e execução de “políticas públicas eficazes e efetivas para esses grupos sociais”.

O trabalho com as minorias sociais não começa do zero, embora a tendência seja se aprofundar. Prova disso é que, somente se tratando do público feminino, em 140 das 267 associações comunitárias atendidas com projetos produtivos pelo São José III as mulheres ocupam cargos de diretoria (presidência, vice-presidência, secretaria e tesouraria). São 62 mulheres ocupando o cargo máximo de comando associações comunitárias e cooperativas num universo que tende a privilegiar os homens.

O mesmo serve para indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e juventudes. Um balanço realizado pela Unidade de Gerenciamento do Projeto informa ainda que 11 projetos produtivos do PSJ III foram implantados em comunidades quilombolas, quatro para pescadores artesanais e três em comunidades indígenas. A definição das comunidades ocorreu a partir de uma ampla discussão com 21 grupos quilombolas e seis indígenas. Os pescadores artesanais receberam visitas de integrantes do projeto.

Combate à violência contra a mulher

Em julho, a equipe técnica do Projeto São José e da SDA, juntamente às instituições parceiras, participaram de um ciclo de capacitações voltada ao alinhamento conceitual relacionado às questões de gênero. As contribuições envolveram as participações da Profa. Dra. Zelma Madeira, abordando a temática “Desigualdades de Gênero e Étnico Raciais em Contextos Rurais”; e a assistente social e Mestra Francisca Sena, trazendo o debate “Violências contra a Mulher e Redes de Proteção”.

A valorização do trabalho doméstico e produtivo e o protagonismo feminino no campo também entraram no centro do debate. Como forma de fortalecimento deste viés, a formação e a qualificação das mulheres para as atividades de gestão, como forma de ampliar a participação delas nos espaços de decisão, e a sensibilização dos beneficiários para identificar as diferentes formas de violência contra a mulher foram outros temas abordados, tendo em vista o início do Projeto São José IV.

“Para além disso, não se pode discutir a dinâmica social do campo sem atrelar à sua condição de classe, sexo e questões étnico-raciais”, observa Jana Alencar Euletério. Violência contra a mulher é crime e não se restringe apenas às agressões físicas. O ciclo se inicia com tensões por discussões irrelevantes (fase 1), passa pela violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial (fase 2) e se reinicia após uma fase de arrependimento do agressor (fase 3). É possível acabar com esse ciclo, denuncie!