São José Jovem: semeando um futuro com mais oportunidades na agricultura e segurança alimentar no Ceará

29 de março de 2023 - 16:06

Larissa Falcão - Ascom Casa Civil - Texto | Yuri Leonardo - Infográfico | Fotos - Arquivo Pessoal

O Governo do Ceará compartilha a terceira e última reportagem da série que destaca histórias de beneficiários(as) do Projeto São José

A agricultura familiar no semiárido, embora desafiadora por conta da irregularidade das chuvas, é símbolo de criatividade e inteligência. De norte a sul do Ceará, Josés, Marias, Antônios, Franciscas e tantos(as) outros(as) agricultores(as) dedicam suas vidas à ciência da natureza, trabalhando de domingo a domingo para colher o que é necessário para suas comunidades e metrópoles.

Para potencializar isso, os trabalhadores rurais cearenses contam com o apoio do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável, o Projeto São José (PSJ), do Governo do Ceará. Criado em 1995, o Projeto atravessou governos e se firmou como uma política pública que representa esperança para milhares de agricultores e agricultoras e legado para as novas gerações.

Tempo bonito

No sertão cearense brotam lideranças empreendedoras, como a agricultora e técnica em agropecuária Sabrina Bizunga, de 27 anos, que aprendeu muito cedo a cuidar da natureza e se define como uma apaixonada pela vida no campo. “Sou filha de agricultores, de Maria e de Pedro, minhas primeiras inspirações no campo. Eles me ensinaram todo o processo de cuidado e de amor para vivenciar uma agricultura limpa e viva. Tenho muito orgulho de seguir esse caminho”, afirma.

Sabrina é moradora da Vila Bezerra, em São Luís do Curu, e idealizadora da Flor do Sertão, negócio rural e sustentável criado em 2017 com foco na produção de alimentos orgânicos e agroecológicos. além de plantas ornamentais. A gestão é feita por ela, outras cinco mulheres e outros jovens.

“A ideia de empreender surgiu a partir dos inúmeros desafios e preconceitos que encontrei para atuar como técnica em agropecuária no mercado de trabalho formal. Não encontrei espaço e retornei para a minha comunidade onde me deparei com os desafios que toda juventude rural enfrenta, a falta de oportunidade, incentivo e apoio para permanecer no campo”, detalha a jovem empreendedora.

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Na Vila, onde moram 85 famílias, são produzidos macaxeira, melancia e outras culturas. Os alimentos cultivados atualmente pela Flor do Sertão são destinados à merenda escolar do município. “A gente não só trabalha com o desenvolvimento sustentável. Nós contribuímos para o desenvolvimento da nossa comunidade ao levar vida por meio de uma alimentação saúdavel”, considera.

Com a experiência adquirida na Flor do Sertão, Sabrina propôs no edital do São José Jovem o desenvolvimento de um sistema de rastreabilidade que tem o objetivo de unir a tecnologia à vida do homem e da mulher do campo. Assim, os consumidores podem ter acesso a informações que vão desde o plantio até a colheita, ou seja, mais garantia de alimentos de qualidade para as famílias.

Junto a isso, completa Sabrina, surgiu a ideia de construir uma estufa estruturada com climatização e mais controle para evitar perdas das mudas. “Eu sou a beneficiária do edital do São José Jovem, porém minha história de vivência no campo está ligada ao empreendimento. Nós fomos contemplados. Uma alegria muito grande. É gratificante fazer parte do Projeto. Fiz amizades e adquiri o conhecimento rico que nos ajudou a colocar em prática nossas ideias. O Projeto chegou para contemplar as nossas vidas”, reconhece.

O São José Jovem faz parte da quarta fase do Projeto São José, que foi lançado em 2020 para beneficiar cerca de 440 mil pessoas direta e indiretamente até 2025, com investimento total de R$ 750 milhões. A iniciativa é resultado de acordo firmado pelo Governo do Ceará com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), tendo a implementação coordenada pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA). Estão sendo apoiados, via edital, cerca de 300 projetos produtivos inovadores conduzidos por jovens rurais entre 18 e 29 anos.

O sonho da Flor do Sertão, diz Sabrina, é estar cada vez mais presente na vida dos cearenses. “Por todo o Ceará há jovens que sonham e lutam por seus territórios. A gente deseja fazer mais para as pessoas, criando oportunidades e combatendo a insegurança alimentar”, conclui.

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Pertencer

Em São Benedito, na Serra da Ibiapaba, a agricultora Maria Roseane da Silva Luna, 29, moradora do sítio Carnaúba II, também teve projeto contemplado no edital do São José Jovem. “Eu me inscrevi, passei em primeiro lugar, e hoje tenho projeto de resgate do plantio de café na comunidade. Uma grande experiência. Estou aprendendo muito”, diz Roseane.

Desde que entrou no projeto, a agricultora observa que mais pessoas começaram a visitar a comunidade, que conta com 300 famílias. “O Projeto São José tem me ajudado a crescer, abrindo portas para o mercado de trabalho e, também, construir meu próprio negócio da zona rural. Além disso, pessoas de outros lugares já visitaram a gente. É importante esse reconhecimento por parte da sociedade”, completa.

A ideia de Roseane é resgatar, por meio da agricultora, valores locais que foram apagados ao longo do tempo. “Antigamente, aqui tinha plantio de café e cana-de-açúcar, mas os fazendeiros foram destruindo. Penso em resgatar o plantio do café, porque faz parte da história da nossa comunidade. Quero plantar o meu café”, defende.

Podcast: São José Jovem: semeando um futuro de oportunidades com segurança alimentar

Distante cerca de 255 quilômetros de São Benedito, em Quiterianópolis, no Sertão dos Inhamuns, o jovem agricultor Samir Elias de Araújo, 22, também acredita que a agricultura é uma forma de defender e divulgar a sua comunidade, o Quilombo Jardim. “Eu fiz meu vídeo e me inscrevi no São José Jovem. Meu projeto é destinado a criação de bodes. Sempre tive a paixão de aumentar, então vi no Projeto a possibilidade de crescer mais”, diz.

Para ele, o lugar de afeto no mundo é o campo. “Isso faz com que a gente não sinta a necessidade de sair das nossas comunidades. Depois que entrei no Projeto, até uma tarefa [medida agrária] de terra consegui comprar. Essa tarefa de terra pode parecer pouco para quem tem muito, mas para mim é tudo”, enfatiza.

Samir mede a felicidade com a sabedoria de quem conhece a natureza. “Eu não tenho vocação para sair daqui e morar na cidade. Eu amo esse lugar, esse clima, a agricultura e a caprinocultura. Se Deus quiser, e com as bençãos do Projeto São José Jovem, vou conseguir”, acredita.