A biodiversidade da caatinga na agricultura familiar do semiárido cearense ganhou os espaços de Terra Madre, em Turim, Itália.

27 de setembro de 2024 - 14:00

Texto e foto: Elane Lima e Rones Maciel

A juventude do Projeto São José e a biodiversidade da caatinga na agricultura familiar do semiárido foram destaques no espaço Farm do Terra Madre 2024, evento internacional que reúne agricultores familiares, indígenas e especialistas em sustentabilidade.

Jovens como Mardenia Tabajara, Emanoela Tabajara e Mateus Tremembé, todos beneficiários do São José Jovem, trouxeram reflexões sobre a importância da ancestralidade e das tradições comunitárias. Eles ressaltaram o papel dos “troncos velhos”, aqueles que preservam a memória e o saber tradicional, nas práticas de produção e alimentação. As falas dos jovens destacaram a formação em comunicação popular e a valorização das raízes indígenas, elementos centrais para fortalecer a identidade cultural e a sustentabilidade nas comunidades.

A Secretária dos Povos Indígenas do Ceará, Juliana Alves, enfatizou a relevância da alimentação e das tradições nas comunidades indígenas. Segundo ela, essas práticas são fundamentais para a preservação da identidade cultural e o fortalecimento da autonomia dos povos indígenas. Juliana também ressaltou o papel do Governo do Ceará nesse processo, destacando que a atuação do poder público é crucial para apoiar e valorizar as iniciativas que promovem a sustentabilidade e a valorização dos saberes tradicionais. O comprometimento do governo com as comunidades indígenas é um passo importante para garantir que suas tradições e modos de vida continuem a prosperar.

Juliana Paiva, especialista social do BM, destacou o apoio do banco ao projetos da agricultura familiar no nordeste, e reforçou a importância da parceria com o Slow Food, a partir do projeto “Território e Cultura Alimentar no Ceará”. A especialista também ressaltou a importância da parceria do Projeto São José e Slow Food Brasil para fortalecer a cultura alimentar no Ceará por meio do Inventário da Cultura alimentar e narrativas de jovens indígenas.

Ainda no espaço Farm do Slow Food, a gerente de Fortalecimento e Gerenciamento do Projeto São José, Karina Holanda, apresentou as áreas de atuação e produtos da agricultura familiar, valorizados e fortalecidos a partir da atuação do Projeto. Karina Holanda, enfatizou o valor de participar de eventos como o Terra Madre, que permite aos produtores cearenses ampliar suas oportunidades no mercado nacional e internacional.

 

Troca de experiência com Projeto SANAPI – Bolívia

A participação dos jovens da comitiva do Ceará no Terra Madre 2024, na Itália, destacou-se pelo engajamento em palestras sobre temas essenciais como água, terra, floresta, biodiversidade e a proteção do trabalho com as abelhas. Durante os debates, os jovens puderam aprofundar-se na experiência da Bolívia, através do Projeto SANAPI, lançado em 2023 como fruto de uma parceria entre a Agência Italiana para a Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), ASPEm, CesVI e a Fundação Slow Food para a Biodiversidade.

O SANAPI promove práticas de produção sustentáveis que beneficiam o meio ambiente e garantem a subsistência das famílias. A troca de saberes entre os jovens cearenses e bolivianos foi fundamental, fortalecendo o compromisso com a preservação ambiental e a adoção de práticas sustentáveis. Essa colaboração é crucial tanto para a proteção da biodiversidade quanto para a garantia de um futuro mais equilibrado para as gerações que dependem desses recursos naturais.

 

Fortalecimento e Compromisso com o desenvolvimento sustentável

A presença do Projeto São José no Terra Madre reforça o compromisso do Ceará com práticas de produção sustentável e troca de conhecimentos. “Esses eventos são essenciais para promover nossos produtos locais e compartilhar experiências de sucesso“, disse Karina. A iniciativa destaca o papel vital da juventude na preservação das tradições e na inovação da agricultura familiar.

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