Festa do Jerimum celebra a riqueza da cultura alimentar indígena, em Tamboril
23 de novembro de 2024 - 18:37
Texto e imagens: Elane Lima - Designer Projeto São José
A Aldeia Indígena São Manoel, situada no Território Tabajara Serra das Matas, em Tamboril, celebrou a Festa do Jerimum, nos dias 22 e 23 de novembro. Um evento que misturou tradição, sabor e memória, unindo a comunidade em torno da rica cultura alimentar.
Com degustações de pratos típicos, competições, apresentações de vídeos, danças tradicionais e cordéis, a festa foi um ato de resistência e valorização da identidade cultural do povo Tabajara. E no centro da história, está o Inventário da Cultura Alimentar, uma iniciativa fundamental para preservar as práticas alimentares, os saberes e os sabores que fazem parte da essência dos povos indígenas.
A secretária dos Povos Indígenas do Ceará, Juliana Alves, cacika do povo Jenipapo-Kanindé, enfatizou a relevância da parceria entre as Secretarias do Desenvolvimento Agrário (SDA) e dos Povos Indígenas (Sepin), com destaque para as políticas públicas direcionadas às mulheres. A líder indígena ressaltou também os grandes avanços nas pautas dos povos indígenas do Ceará.
A ação é fruto de uma parceria entre a SDA, por meio do Projeto São José, e a Associação Slow Food Brasil. O inventário teve como objetivo registrar e valorizar a riqueza da cultura alimentar de comunidades indígenas dos Sertões de Crateús, Inhamuns e Serra da Ibiapaba.
A cacika Toinha Tabajara destacou a importância da alimentação saudável para garantir a longevidade das comunidades tradicionais. Antigamente, segundo ela, os “parentes” tinham acesso a alimentos cultivados no próprio território, sem uso de defensivos químicos e nutritivos.
Para os moradores da Aldeia São Manoel, a Festa do Jerimum é um momento de celebração coletiva e reafirmação de sua cultura. A presença da SDA no evento reforça o compromisso do Governo do Ceará em reconhecer e valorizar os povos indígenas como guardiões de uma rica herança cultural.
A assessora especial do PSJ, Leilane Chaves, ressaltou que o inventário é uma importante ferramenta participativa para preservar o patrimônio alimentar das comunidades indígenas. “Durante o inventário estão sendo coletados e registrados conhecimentos, técnicas, variedades agrícolas, receitas culinárias, celebrações e práticas medicinais. Os resultados do inventário podem servir de base para ações de proteção, conservação e manejo sustentável dos recursos naturais”, pontuou a técnica.
A coordenadora da Associação Slow Food do Brasil, Lígia Meneguello, reforça o impacto social do inventário. “Além de registrar as variedades, os saberes, fazeres e práticas alimentares dos povos indígenas”, o inventário desempenhou um papel essencial na valorização da memória coletiva, no fortalecimento da identidade e na soberania alimentar das comunidades. Ao documentar o uso de alimentos nativos, as técnicas de preparo e os significados culturais de cada prato, a iniciativa contribuiu para que esses conhecimentos permaneçam vivos, resistindo à homogeneização cultural e ao tempo”, destacou.
Segundo a integrante do Slow Food do Brasil, Gabriella Pieroni, a Festa do Jerimum favoreceu vários aspectos de salvaguardas da cultura alimentar e território. (abaixo áudio completo)
A ação destaca a importância do trabalho conjunto entre instituições públicas e organizações da sociedade civil. O Projeto São José, com sua trajetória de apoio ao desenvolvimento rural sustentável, mostra como políticas públicas bem executadas promovem não apenas o desenvolvimento econômico, como também a dignidade cultural.