Projeto São José fortalece conexão entre agricultura familiar e nutricionistas em congresso internacional
19 de setembro de 2025 - 15:24 #São José
Texto e fotos: Elane Lima
A Secretaria do Desenvolvimento Agrário, por meio do Projeto São José, participa até o dia 20 de setembro do 26º Congresso Internacional de Nutrição Funcional Clínica e Corporativa, em São Paulo, levando consigo não apenas produtos, mas histórias, saberes e o pulsar da agricultura familiar do Ceará.
O primeiro dia do congresso (18) foi dedicado a reflexões sobre a urgência de preservar a natureza, resgatar as raízes e valorizar o papel essencial dos povos originários na construção de uma cultura alimentar justa e saudável. Na abertura, o Projeto São José trouxe uma metáfora que emocionou e inspirou: a agricultura familiar aprendendo com às abelhas e construindo uma grande colmeia. Assim como cada abelha, em sua delicadeza e disciplina, assegura a sobrevivência do coletivo, cada agricultor fortalece a rede que nutre comunidades inteiras.
Com orgulho e emoção, o Projeto São José foi apresentado aos 2.500 profissionais da nutrição, que puderam conhecer a potência de um trabalho coletivo que nasce nos territórios e se fortalece com a união de agricultores, juventudes e mulheres. O estande cearense transformou-se em vitrine de diversidade: cajuína, cacau, castanha, óleo de coco, banana passa, farinha de araruta e suplementos naturais à base de açaí. Cada alimento exposto carregava em si mais do que sabor e nutrição: trazia memória, resistência e a expressão viva da sustentabilidade.
A valorização das parcerias foi outro ponto central. A união entre a Secretaria do Desenvolvimento Agrário e a Secretaria dos Povos Indígenas para a elaboração do inventário da cultura alimentar indígena no Ceará, ganhou destaque especial. A secretária dos Povos Indígenas (Sepince), Juliana Alves, ressaltou a importância dessa conexão entre as instituições. “O inventário da cultura alimentar indígena é um passo histórico para o fortalecimento dos nossos povos. Trata-se de reconhecer e valorizar alimentos que guardam séculos de saberes e práticas sustentáveis. A parceria com a Secretaria do Desenvolvimento Agrário amplia esse trabalho e garante que a alimentação indígena seja vista não apenas como herança cultural, mas também como contribuição fundamental para a segurança alimentar e a identidade do povo cearense”, destacou.
Para a pesquisadora do Núcleo de Alimentos do Nutec, Cristiana Nobre, o encontro entre a ciência da nutrição e a produção da agricultura familiar tem uma força transformadora. “Os alimentos da agricultura familiar carregam história, identidade e nutrição. Aproximar esses produtores dos profissionais de saúde é garantir que o consumidor tenha acesso a produtos de qualidade e com impacto positivo na sociedade e no meio ambiente”, ressaltou.
Silvanar Pereira, expositor que participa do evento com a Cajuína São João, destacou a importância do Projeto São José em promover ações que levam os produtos da agricultura familiar a novos mercados. “Trazer a nossa cajuína de Baturité para um evento desse porte é motivo de orgulho para todos nós. O Projeto São José abre portas e nos dá a chance de mostrar que o que produzimos no campo tem valor, história e saúde para o povo brasileiro”, destacou.
Esse cuidado também foi ressaltado por Karina Holanda, gerente de fortalecimento institucional do Projeto São José: “Não se trata apenas de comercializar alimentos, mas de proteger os territórios, a biodiversidade e os modos de vida que tornam possível a permanência da agricultura familiar como fonte de saúde e renda para tantas famílias cearenses.”
O coordenador do Projeto São José, professor Lafaete Almeida, reforçou a importância da participação: “Estar em eventos como este significa dar visibilidade à agricultura familiar do Ceará e mostrar que ela é capaz de dialogar com ciência, inovação e saúde. Foi um momento de afirmação e de valorização do trabalho de milhares de agricultores e agricultoras que alimentam nosso estado.”
A mensagem final foi um convite à reflexão: que sejamos como as abelhas, capazes de buscar na natureza e na biodiversidade não apenas a solução para um alimento que sacia o corpo, mas para um alimento que nutre a alma, fortalece laços e preserva a vida em sua forma mais pura.