Projeto São José fortalece cultura alimentar afroancestral no Festival Ajeumbó

3 de novembro de 2025 - 11:25 #

Texto: Elane Lima | Fotos: Elane Lima e Luiza Lobo

A Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará, por meio do Projeto São José, marcou presença no Festival de Cultura Alimentar Afroancestral Ajeumbó, realizado no dia 1º de novembro no Mercado AlimentaCE, em Fortaleza. Em sua quarta edição, o evento, que integra o Festival Afrocearensidades, promovido pelo Governo do Ceará por meio da Seir e da Secult, celebrou o tema “Memória Viva e Tecnologia de Futuro”, reafirmando a comida como ato político, prática coletiva e expressão cultural.

O Ajeumbó é mais do que uma feira gastronômica: é um encontro com a ancestralidade, o bem-viver e a partilha. O público pôde saborear pratos tradicionais como xinxim de galinha, acarajé, quiabada, cocada e macaxeira, além de conhecer de perto as hortas comunitárias do AlimentaCE, em visitas mediadas que destacaram o ciclo completo do alimento, da terra à mesa.

Para Iury de Melo, coordenador de Planejamento e Desenvolvimento Institucional do Mercado AlimentaCE, o festival é um espaço de conexão entre tradição e inovação. “O Ajeumbó celebra nossa herança afrocearense e cria pontes com o futuro. Quando o Projeto São José se une a nós, amplia esse diálogo e ajuda a transformar o alimento em instrumento de autonomia e sustentabilidade para comunidades rurais e urbanas”, afirmou.

As beneficiárias do Projeto São José participaram da feira que reuniu produtos afroancestrais e de comunidades quilombolas, levando sabores, histórias e saberes tradicionais do campo. Entre elas, Kílvia Pereira da Silva, agricultora quilombola, apresentou sua tradicional pamonha, feita com ingredientes cultivados de forma sustentável em sua comunidade. “Estar aqui, mostrando nossa produção e trocando experiências, é uma oportunidade de valorização e aprendizado. O alimento é uma forma de manter viva a nossa ancestralidade, de contar histórias e transmitir os saberes que herdamos dos nossos antepassados. Esses momentos nos fortalecem e nos inspiram a continuar produzindo com amor e respeito à terra”, afirmou Kílvia.

As técnicas do Projeto São José, juntamente com as beneficiárias, também participaram da roda de conversa “Cozinhas como espaços de memórias, tecnologias e bem-viver”, um momento de troca e reflexão sobre o papel das mulheres rurais e quilombolas na preservação das tradições alimentares e na construção de um futuro mais sustentável e inclusivo.

Segundo Karina Holanda, gerente de Fortalecimento do Projeto São José, o apoio a iniciativas como o Ajeumbó, promovendo a participação de representantes quilombolas beneficiárias do projeto, reflete o compromisso do Governo do Ceará com a valorização das identidades culturais e alimentares do povo cearense. “A gastronomia afro-brasileira é memória viva e resistência. Estar presente nesse espaço significa reconhecer o valor dos saberes ancestrais e fortalecer os povos originários e tradicionais que guardam essa riqueza cultural”, destacou.

Assim, o Ajeumbó 2025 se consolidou como uma celebração da cultura alimentar afroancestral e um testemunho do papel do Projeto São José na promoção da diversidade, da valorização dos povos tradicionais e da soberania alimentar no Ceará.