Caprinocultura: 11.438 animais entregues a 743 agricultores familiares

20 de dezembro de 2018 - 16:14 # # # #

Ascom | André Gurjão - andre.gurjao@sda.ce.gov.br

O Governo do Ceará, através da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), entregou nos últimos quatro anos 10.695 matrizes caprinas e 743 reprodutores puros de origem nos últimos quatro anos. O balanço é da Coordenadoria de Apoio às Cadeias Produtivas da Pecuária (Coape/SDA). A ação representa o investimento de R$ 9.248.777 no incentivo à cadeia produtiva em 26 municípios cearenses.

A iniciativa conta com recursos de convênios entre o Governo do Ceará e órgãos da administração pública federal. São eles: o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no valor de R$ 2.447.914,35; a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), R$ 989.777; e o Ministério da Integração Nacional (MI), R$ 5.989.777. O total da contrapartida estadual para os três convênios é de R$ 7.383.567.

A diferença em cada um dos convênios é que o primeiro é direcionado a assentamentos rurais, enquanto o último é executado nos territórios do Sertão de Crateús, Inhamuns e Cariri, áreas com vocação para a ovinocaprinocultura. Por último, o contrato celebrado com a Sudene busca fortalecer a cadeia produtiva nos territórios do Sertão Central e Vale do Jaguaribe.

Além disso, os 743 beneficiários atendidos pelos três convênios recebem um kit de ordenha, enquanto apenas os dois últimos (420 beneficiários) são atendidos com o kit de ordenha e o kit de manejo. O kit de manejo fica à disposição do técnico que acompanha as famílias atendidas pelos programas de caprinocultura leiteira executados pela SDA. Ao fim de execução do projeto, o kit fica sob a posse da associação atendida.

Por fim, o município de Tauá já havia sido atendido com 1.400 matrizes caprinas e 70 reprodutores puros de origem pelo Projeto Inclusão Social, executado em parceria com a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) e com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Dando continuidade ao êxito no município, 120 produtores rurais são atendidos com assistência técnica pelo convênio com o Ministério da Integração e participam do Projeto Rota do Cordeiro.

Relação dos municípios

Ainda pelo balanço, já foram atendidos os seguintes municípios: Aiuaba (30 famílias), Aracoiaba (4 famílias), Aratuba (3), Banabuiú (30), Beberibe (18), Campos Sales (30), Canindé (38), Cascavel (32), Chorozinho (5), Crateús (24) e Guaiúba (4). Também receberam: Icó (7), Independência (21), Jaguaretama (30), Jati (21), Madalena (25), Monsenhor Tabosa (34), Piquet Carneiro (30), Quixeramobim (35), Santa Quitéria (23), Redenção (2) e Tamboril (24).

A expectativa é que outros 270 produtores recebam 15 matrizes e um reprodutor puro de origem e concluam a execução do convênio com Ministério da Integração no próximo ano. São eles: Catunda, Crateús, Independência, Ipueiras, Monsenhor Tabosa, Nova Russas, Poranga, Santa Quitéria e Tamboril. Os objetivos, explica o supervisor do Núcleo de Ovinocaprinocultura da Coape, Antônio Nunes de Oliveira, é “incentivar a produção e consumo de carne e leite ovinos e caprinos por meio de um sistema de produção eficiente e rentável para tornar a atividade competitiva no mercado”.

A escolha dos animais

Em relação aos animais adquiridos, o engenheiro agrônomo informa que a aquisição se deu através de licitação via pregão eletrônico na modalidade tomada de menor preço e as empresas vencedoras possuem fornecedores da Bahia, do Ceará, da Paraíba e do Pernambuco. “As fêmeas são todas mestiças, sendo exigido atestado e laudo sanitário, vacinação e vermifugação. No caso dos machos, além dessas exigências, é requerido o exame andrológico e o certificado de registro genealógico (pedigree)”, pontua. A escolha é feita por uma comissão formada por profissionais especialistas da SDA.

Dentre as características exigidas das matrizes caprinas adquiridas, destacam-se o bom desenvolvimento de úbere, glândula mamária funcional, serem livres de linfadenite caseosa, ausência de ectoparasitas, além de bons indicadores de sanidade animal e da condição física. “Nos machos, obedece-se o padrão racial das raças descritas na licitação e procura-se, assim como nas matrizes, as características de animais com aptidão leiteira”, cita.

“O macho precisa de um trato adequado e de um local específico na propriedade desse agricultor, até pela herança genética desses animais. Então, quando falamos de animal para produção de leite, destaca-se as raças exóticas. Contudo, as raças nativas produzem leite, mas a produtividade por animal é geralmente menor”, acrescenta.

Catinga de bode, pai de chiqueiro

Existem muitos causos dos produtores atendidos pelos programas de incentivo da caprinocultura leiteira da SDA. Há, por exemplo, quem já desmanchou a cama de casa para construir uma plataforma e retirar com mais comodidade o leite. Entretanto, o fato unânime e fruto de muitas brincadeiras entre os criadores é a “catinga do bode”. O cheiro do macho é tão forte que é capaz de alterar o sabor do leite e, por essa razão, bodes e cabras são criados separados.

“É um ferormônio (odor hircino), um ´perfume natural´ característico. No bode, ele se sobressai porque ele é um bicho territorialista. Ele  esfrega o chifre, onde está presente uma glândula que produz esse odor, para marcar o território dele”, explica a zootecnista da Coape, Yara Araújo. “Para cabra, aquilo é uma maravilha! É uma das coisas que atrai e estimula a reprodução”.

No caso dos animais em que o chifre é retirado, o bode perde apenas uma das características atrativas para fêmea, não o vigor. “Só que é um menino bonito sem perfume. A estampa diz muita coisa”, brinca a zootecnista. “Às vezes, uma fêmea pode querer um macho exatamente por aquele perfume. Ainda que, às vezes, ela pode não querê-lo exatamente pelo perfume. Não é nada anormal, é fisiológico”.