Festival das Juventudes permite troca de experiências e saberes locais

25 de janeiro de 2019 - 17:25 # # #

ASCOM André Gurjão andre.gurjao@sda.ce.gov.br

Cerca 200 jovens participam do Festival das Juventudes do Semiárido dos Inhamuns até o próximo sábado (26). O evento proporciona a jovens agricultores de 15 a 29 anos dos municípios de Aiuaba, Arneiroz, Quiterianópolis, Parambu e Tauá um espaço de entretenimento e debate coletivo sobre temas como educação contextualizada, afirmação e respeito à diversidade LGBTQ+ e valorização de raça e etnia no Centro de Educação, Ciência e Tecnologia da Região dos Inhamuns (Cecitec) (Cecitece/UECE) em Tauá.

O Festival das Juventudes do Semiárido é uma promoção da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), através do Projeto Paulo Freire, e conta com o apoio do Instituto Agropolos do Ceará (IACe). A organização do evento é uma realização da Cáritas Diocesana de Crateús e do Centro de Pesquisa e Assessoria Técnica Esplar. Os recursos do projeto e do Festival das Juventudes ficam por conta do acordo de empréstimo realizado entre o Governo do Ceará e o Fundo Internacional de Desenvolvimento da Agricultura (FIDA).

Além de momentos de formação, como a realização deste evento, o Paulo Freire proporciona oportunidades para que jovens, mulheres, indígenas, quilombolas e pescadores artesanais em 600 comunidades rurais localizadas em 31 municípios cearenses se emancipem economicamente e saiam da situação de extrema pobreza. A iniciativa é conhecida no Estado pela prestação de assistência técnica contínua e pela implantação de cisternas de placa na área de atuação do projeto.

Cerimônia de abertura

Logo na mística de abertura, os jovens organizadores e beneficiários do Paulo Freire levaram as principais riquezas do território dos Inhamuns nas áreas das artes, culturas agrícolas e tradições dos povos indígenas e quilombolsas da região. Os jovens também aproveitaram o espaço para reivindicar uma educação contextualizada que aproxime o conhecimento acadêmico do saber local, além do respeito às “diversas formas de amar” representada pelos grupos LGBTQ+, da defesa das políticas afirmativas de raça e etnia e o fim da violência contra as mulheres no campo.

“Para mim, (o Projeto Paulo Freire) tem sido um momento de muitas vivências e aprendizagem: para fora, quando estamos em campo, e para dentro na institucionalidade. Essa juventude rural tem dito muito para nós. Tem dito coisas que precisamos escutar, juntar e compreender para que possamos construir esse caminho juntos”, testemunhou a coordenadora do projeto Íris Tavares. “Ninguém tem a verdade absoluta. A verdade é resultado de uma somatória de encontros e olhares: e é por aí que encontramos esse caminho que nos permite sermos felizes”.

“Esse festival é um momento muito importante nesse processo de fortalecimento da liderança e do protagonismo das juventudes. É um evento feito pelas juventudes e para as juventudes. (Além disso) É um momento riquíssimo onde vocês podem trocar experiências e enriquecer as experiências vivenciadas no local onde vocês residem com as suas próprias famílias”, destacou a representante do Instituto Agropolos do Ceará, Delanny Alves Pinheiro.

Presente e futuro

Em seu discurso de abertura, o secretário De Assis Diniz destacou a importância do debate político diante dos retrocessos em políticas públicas no cenário nacional e convocou aos jovens a refletirem “o sonho libertário” proporcionado pelo pedagogo que empresta o nome ao projeto. “E nós não construímos sonhos vivendo nos nossos casulos e nos nossos mundos pequenos. (Embora) Os quintais produtivos das nossas casas devem ser a nossa inspiração para a superação de uma sociedade que insiste em nos dividir em quem é de esquerda e quem é de direita”.

Ainda ele, o Projeto Paulo Freire “não é fruto de uma dádiva”, mas de um projeto de governo que abraçou o processo histórico de lutas dos homens e das mulheres do campo para si. “Porque nós entendemos que o dinheiro quando é para elite tem um caminho muito rápido, enquanto dinheiro para os menos favorecidos tem uma dificuldade homérica para se conseguir, para se executar e para se realizar”, pontuou. “Por isso, é fundamental que vocês permaneçam organizados e mobilizados para dar continuidade a essa transformação social”.

“Queremos (também) imaginar nessa sociedade, a sociedade e homens e mulheres livres, que a SDA tem um papel fundamental como sistema integrado de desenvolvimento econômico. O meio rural precisa entender essa mensagem: que o caminho para vocês, jovens, permanecerem no campo não é através da execução de políticas públicas como assistência social. O que nós queremos é um sistema de desenvolvimento econômico e, por isso, a Ciência não pode ser enxergada como inimiga e a sucessão rural precisa superar o viés do jovem jogando terra em seus próprios pés”.

“Sonhar é o que nos move nesta caminhada que não começa conosco. Ela se inicia com os índios e os negros escravizados, muito antes de nós, e se perpetua no presente. Embora estejam nas mãos das Juventudes do Semiárido, aqui presente neste festival, as potencialidades de superação da vulnerabilidade para emancipação da própria condição social e da melhoria de vida das famílias do campo”, concluiu saudando os jovens do campo e os povos tradicionais do semiárido cearense.

(Fotos: Marcos Vieira)