Caderneta Agroecológica gera empoderamento feminino no campo

10 de março de 2020 - 15:12

Texto e Imagens: André Gurjão

Há quase seis meses incorporada no dia a dia das famílias do Projeto Paulo Freire, a Caderneta Agroecológica apresenta os primeiros resultados. Ao todo, 144 beneficiárias do projeto já utilizam a caderneta de acompanhamento dos resultados financeiros e asseguram que a ferramenta elevou a um novo patamar o trabalho das mulheres. “O que percebemos é que a mulher está empoderada e pode e deve ser aquilo que quiser”, assegura Cristina Rodrigues, de 29 anos.

É a jovem da comunidade rural de Sítio Croatá, no município de Sobral, quem aponta a persistência de uma visão atrasada no interior cearense. “Muita gente dizia que a mulher era para estar na cozinha ou dentro de casa. Mas não: ela pode estar nas feiras (agroecológicas e solidárias) e, muitas vezes, a renda dela é maior do que a do homem que trabalha na roça”, narra citando como exemplo a renda mensal da própria família.

A agricultora familiar foi uma das participantes da Feira Agroecológica e Solidária na manhã desta terça-feira (10). O evento promovido pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) trouxe para Fortaleza produtos como artesanato, ovos caipiras, bolos e doces, temperos, hortaliças e outros produtos da agricultura familiar. Com preços mais acessíveis, o evento também serviu como uma oportunidade para que os funcionários da secretaria conhecerem um pouco mais do campo e sobre o projeto financiado com recursos de um acordo de empréstimo junto ao FIDA.

“Acho interessante (a feira) porque lutamos muito para que o nosso trabalho fosse reconhecido e o Paulo Freire vem destacando a nossa produção”, revela Helena Soares, de 47 anos. Para a agricultora familiar de Reriutaba que já recebeu um sistema de reuso d´água de cinzas, o projeto valoriza um trabalho antes invisível até mesmo para a própria comunidade. “Hoje a nossa farmácia verde deixou de ser algo que ´a vovó tinha em casa´ até mesmo para gerar renda”.

“E uma feira dessas, posso até mesmo realizar duas ou três vezes no mês na minha comunidade e a minha caderneta (agroecológica) vai ficar cheia das vendinhas que eu fiz. É um reconhecimento do trabalho da mulher que se tornou realidade”, concluiu.