54 famílias atendidas pelo Paulo Freire com projeto produtivo em artesanato fabricam máscaras

5 de maio de 2020 - 14:04

Texto: André Gurjão e Rones Maciel

A história começa com a repercussão da matéria de grupos de mulheres no Cariri e se multiplica em novas narrativas que pedem, mais do que nunca, espaço e voz. Hoje, pelo menos 20 comunidades rurais em 13 municípios atendidos pelo Projeto Paulo Freire fabricam máscaras com o objetivo de proteger a população do campo e gerar ocupação e renda em meio à pandemia. Destas, seis comunidades e 54 famílias são atendidas diretamente com projetos em artesanato e recebem um investimento de mais de R$ 225 mil, incluindo capacitações e aquisição de agulhas, bastidores, fitas métricas, linhas, tecidos, tesouras e máquinas de costura.

O montante representa 25,8% do total de recursos destinados pelo Paulo Freire à 224 artesãs de 33 comunidades rurais do Estado. Além de corte e costura, os projetos incluem atividades com barro, bordado, crochê, palha, confecção de redes, dentre outros. “Comecei a fazer as máscaras porque assisti na televisão o secretário de Saúde falando para as pessoas usarem máscaras. Então, vi uma grande necessidade e percebi que nem todos teria condições de comprar. Primeiro, confeccionei para minha família e o pessoal de fora foi vendo e comecei a vender as máscaras e as tocas também”, narra Maria Rogéria Morais, da comunidade São Benedito, em Aiuaba.

“São muitas máscaras e muitos modelos que estamos confeccionando. Acredito que o momento seja esse, de protegermos principalmente as pessoas nas localidades”, relata agora a agricultora Emília de Oliveira, de 52 anos. Para dar conta das encomendas, o grupo de oito mulheres da Associação dos Agricultores Familiares, Pescadores e Artesãs de Bonito incluiu mais duas costureiras de fora e estima produzir 80% das máscaras entregues em bancos, supermercados e farmácias de Ipu. “(A confecção) Contribui bastante porque traz renda extra para as famílias e ajuda as pessoas a se prevenirem do vírus”, conclui, Clemilda da Silva, da comunidade Sassaré.

As artesãs Maria Rogéria Morais, Emília de Oliveira e Clemilda da Silva são atendidas com assistência técnica continua prestada pela Cealtru, Esplar e Flor do Piqui, respectivamente. Também integram as equipes de Assessoria Técnica Contínua (ATC), a Ong Cactus, Cáritas Diocesana de Crateús, Cetra e Instituto Antônio Conselheiro.

Fique por dentro

As comunidades e municípios atendidos com projetos em artesanato que fabricam, distribuem e comercializam máscaras são: Pimenteira (Santana do Cariri), Sassaré (Potengi), do Córrego (Altaneira), Pau Preto (Parambu) e Vila São Raimundo e Comunidade Fumo (Irauçuba). Confeccionam, mesmo atuando em outras atividades produtivas: Baixa Verde e Cococá (Tauá), Cajarana (Arneiroz), Barreiras, Boa Esperança, Patos e Poço Cercado (Parambu), Sítio São Benedito e Bananeiras (Aiuaba), Cajueiro dos Valérios (Quiterianópolis), Vila Naiara (Varjota), Bonito e Santa Rosa (Ipu) e Lagoa Queimada (Sobral).

O Projeto Paulo Freire é uma ação de combate à extrema pobreza rural por meio da inclusão produtiva e da assistência técnica. A linha de ação atua em 600 comunidades rurais de 31 municípios com os baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. Os recursos são garantidos por meio de acordo de empréstimo envolvendo o Governo do Ceará e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).