Caderneta Agroecológica gera empoderamento feminino no campo

20 de maio de 2020 - 07:15

Texto e Imagem: André Gurjão

Há oito meses anotar cada passo entre a produção agrícola e o destino final dos alimentos se tornou uma rotina diária na vida de 144 mulheres atendidas pelo Projeto Paulo Freire. A Caderneta Agroecológica é uma das ferramentas adotadas pela iniciativa da Secretaria do Desenvolvimento Agrário de visualizar lucros e gerar o empoderamento feminino. No período, essas mulheres geraram R$184.915,00 e um rendimento médio por beneficiária de R$ 373 por mês.

A maior parte do valor se refere à comercialização de alimentos in natura ou minimamente processados, como: banana, castanha, cheiro verde, doce de mamão, fava, feijão, manga e tapioca. Além disso, 35,6% dos produtos são utilizados para autoconsumo das famílias, 11,06% doados e 1,3% trocados. No total, são 397 tipos de produtos e sete tipos de serviços, com expressiva participação de alimentos de origem animal, vegetal e mista (69,5%).

“O que percebemos é que a mulher está sendo empoderada e pode – e deve – ser aquilo que quiser”, defendeu Cristina Rodrigues, agricultora familiar do Sítio Croatá, em Sobral, antes da vigência dos decretos estaduais de calamidade pública e emergência sanitária no Estado. “Eu não sabia o que ganhava com a minha produção e ela (a caderneta) nos ajudou a ser tanto. Eu me sinto bem com essa caderneta”, complementa Maria Moreira Martins, da comunidade Riacho, em Tauá.

“As mulheres agricultoras lutaram para serem reconhecidas formalmente como trabalhadoras e pessoas que têm direito a ter direitos. Ainda assim, mesmo hoje, elas são vistas pela sociedade como meras ajudantes, o que é uma injustiça diante da contribuição delas nas propriedades rurais. Com as Cadernetas Agroecológicas, estes preconceitos e discriminações são combatidos e a autonomia feminina fortalecida”, argumenta Íris Tavares, coordenadora do Projeto Paulo Freire.

A implementação e acompanhamento das Cadernetas Agroecológicas é desenvolvida em parceira com sete organizações da sociedade civil em 76 comunidades rurais de 20 municípios cearenses. São elas: Cáritas Diocesana de Crateús, Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador (Cetra), Centro de Estudos e Assistência as Lutas do Trabalhador Rural (Cealtru), Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), Instituto Antônio Conselheiro (IAC), Instituto Flor do Piqui e ONG Cactus.

 

(foto tirada antes do período de pandemia do Covid-19)