Artesanato de Morrinhos atravessa 209 km e conquista cliente em Fortaleza
20 de julho de 2020 - 14:21
Texto: André Gurjão
Nesta pandemia, a solidariedade atravessou 209 quilômetros e fez chegar uma bolsa e um chapéu de palha de carnaúba em Fortaleza. Os produtos da Associação Comunitária das Mulheres de Curralinho, em Morrinhos, foram anunciados pelo Instagram e despertaram o interesse de Jacqueline Braga, que administra uma fazenda juntamente ao marido em Quixerambim. Os resultados, para além da satisfação da cliente, foram renda para quem mais precisa manter negócios num período em que não dá para se descuidar dos cuidados com a saúde e um pequeno ensaio fotográfico.
“Conheci a história delas por conta de um curso que fiz (antes da pandemia) com mais duas amigas de Quixeramobim (Gizélia e Adriana). A partir daí, passei a seguir a conta no Instagram (@acmc_artesanatos) e gostei muito dos produtos. Até mesmo porque amo artesanato”, narra a mãe da Alice e Maria Clara. “Foi então que decidi comprar a bolsa e o chapéu. Por sinal, muito bem feitos: tanto em relação à palha quanto pelo trançado”, recomenda ao garantir que vai continuar comprando. “Recomendo e vou comprar mais produtos delas”.
O design minimalista é o principal item dos 90 produtos da Associação Comunitária. Além da conta na rede social, o grupo de 23 mulheres dispõe de uma página na internet onde também anuncia: almofadas, bolsas, caminhos de mesa, chapéis e mini-chapéis, itens de escritório, jogos americanos, luminárias, quadros bordados e vasos. As festas juninas são a maior fonte de faturamento do grupo de mulheres e não devem ocorrer nesse ano por conta da pandemia da Covid-19.
“É muito importante comprar do agricultor familiar, da artesã e do pequeno comércio perto da sua casa. Fazendo isso, cada cearense contribui para que esses empreendimentos sobrevivam aos efeitos econômicos da Covid-19 e possam continuar gerando ocupação e renda para população mais vulnerável do nosso Estado”, observa Lafaete Almeida. Para o coordenador do Projeto São José, para além da solidariedade, a decisão de Jacqueline ao comprar os produtos da Associação de Comunitária das Mulheres de Curralinhos fortalece a economia local e colabora com o desenvolvimento do Ceará.
Parcerias
O grupo recebeu um investimento de R$ 250.053,79 do Projeto São José. A iniciativa garantiu, além de acompanhamento técnico, a Construção da Central de Artesanatos e a aquisição de equipamentos. “O São José foi muito importante porque sofríamos com a falta de espaço para produzir e estocar. Com a Central, a autonomia melhorou e, hoje, contamos até com uma brinquedoteca para os filhos das nossas artesãs”, reconhece Paulene Rocha, sócia e representante ACMC.
As artesãs também são responsáveis por abastecerem os boxes da Central de Artesanato do Ceará (Ceart) e também fabricam bolsas para congressos e feiras. “Contamos com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rural Agricultores e Agricultoras Familiares de Morrinhos para entregar em Sobral ou Fortaleza, e aí negociamos uma taxa de entrega”, encerra Paulene citando que envios para fora do Estado são realizadas pelos agências dos Correios e companhias aéreas.